sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Dilemas de nós mesmos:O que fazer quando o filho nerd se "perde"...

06:58 By Leandro Casimiro de Oliveira , , No comments

CONTOS DE ENE: QUANTO MAIS VOCÊ PRENDE, MAIS SE SOLTA

Parece que há discordância com a física, mas na verdade isso é uma lei da física, toda ação gera uma reação, igual ou contrária.
Eu por exemplo, tive uma infância toda regrada, não podia brincar na rua, não conseguia fazer amigos, tinha que pedir pra pegar o controle remoto da TV, pois estava alto de mais para eu conseguir alcançar. Até a geladeira eu tinha que pedir permissão pra abrir e beber água. Não que tudo isso seja errado, até porque no mundo de hoje em dia criança fora de casa é um perigo e deve obedecer mesmo os pais, porque é para o seu bem. E quando o cuidado evolui pra super-proteção? Há dois caminhos que o moleque toma: Vira um nerd sem graça ou um precipitado sem causa. Eu me tornei os dois.
Como nerd, eu fazia o dever de casa sozinho, engolia os livros, esquecia a TV, estudava duas semanas antes das provas, eu era o líder (chato) dos trabalhos e não via os colegas do meu grupo com a minha mesma empolgação pra trabalhar.
Eu não tinha diversão, eu não podia fazer amizade de mais com as pessoas, eu fui ensinado que elas são falsas e perigosas. E em algum momento eu tive que concordar por experiência sofrida. Eu era o Nerd, o queridinho da professora.  O mais odiado da sala. Fora da escola eu era só um garotinho que nunca sai de casa. Nem meus vizinhos não me viam, eu fui um pintinho que nunca saia debaixo das asas da minha mãe, não saia de casa sem ela, até depois que cresceram meus pêlos pubianos e meu bigode (Claro, eu raspava). Mas olha, até os 18 anos de idade eu era o tédio da família. Nunca tinha beijado, morria na mão mesmo, lan house só depois de adolescente. E quando eu me soltei... foi um Deus nos acuda!
Eu dormia fora de casa, e toda oportunidade eu transava  era uma festa só entre amigos e desconhecidos. As vezes eu só chegava pela manhã quando  não chegava meio dia. Se chegasse a meia noite ou as duas da manhã, acordava aos gritos minha mãe lá de dentro pra ela abrir a porta de casa sobre os berros de meu pai, ora, não era mais hora para um rapaz decente voltar para casa. Mas eu não era mais um rapaz decente. Só queria saber de namorar, sair escondido, sem hora pra voltar pra casa nos finais de semana,só o que eu não fazia mesmo era me drogar, fumar, beber, me tatuar...Eu só gozei a vida com experiências novas. Eu não iria poluir o meu corpo com essas coisas (Não gosto) Mesmo assim a polêmica na minha família rendeu. Um garotinho (que já não era mais um desde os treze anos). ”É como se eu tivesse recuperado o tempo perdido”. -Cláudia Leite, eu extravasei- Adiantou prender de mais?Conheço vários adolescentes que foram criados sob muito controle e que depois chutaram o pau da barraca.
Como educação é algo que não tem padrão e se atualiza conforme a época, um conselho... Converse com o seu filho, seja pai-amigo, tente participar das coisas dele na escola, nos eventos que ele participa, procure conhecer e seja amigo dos pais dos amigos dele. Deixe ele sair com os amigos sem o bombardeá-lo de perguntas, aconselhe sem ser chata, por que mais difícil é se reaproximar dos filhos.GAGA estava certa”A confiança é como um espelho, podemos repará-lo, se estiver partido, mas sempre vamos ver porcaria da falha no reflexo”.Todos os pais passaram por essa fase rebelde um dia, como tudo na vida é uma fase, respeite essa fase. Sei que é difícil e não sabemos quando essa rebeldia dura, conversar com o seu filho ameniza essa ansiedade. Minha mãe começou a entender isso e por incrível que pareçamos conversávamos sobre (quase) tudo, quase... porque eu tenho direito de ter intimidades e segredos e tudo.. o que ela precisava saber como mãe.Tá! Voltar no outro dia nenhuma mãe aplaude isso, mas quando eu chegava, ela abafava o caso por hora e puxava o assunto noutra hora que ambos estivéssemos mais próximos, então um assunto que poderia terminar em brigas e xingamentos, acabava com meus pedidos de desculpas, conselhos relax dela e minhas promessas de que chegaria mais cedo da próxima vez. Verdades ou não ela acreditava (ou fingia), mas o importante é cortar os escândalos, isso difama e separa uma família. Enfim, com o tempo, eu comecei a chegar numa hora aceitável. Aos 20 anos já ia pra cama às nove da noite para acordar as cinco pra ir para a emissora de rádio que trabalho. Eu não estava sendo o novo filhinho da mamãe, estava voltando a respeitar os donos da casa. E ainda discutimos, mas não por causa do horário que eu chego em casa.Eles já sabem que pode confiar no filho responsável que tem.
Ainda sou jovem e muito a aprender com meus pais. Do mesmo jeito eles também tiraram lições sobre educar um filho nos últimos anos. Me viram voar para o mundo, e dói para um pai quando seu filho corre para muito longe do ninho ou da gaiola. Mas eu sempre pousava em casa, sóbrio e cheio de experiências do mundo de fora.


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