quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Dilemas de Nós Mesmos- Minhas experiências na Umbanda-Parte 2

05:37 By Leandro Casimiro de Oliveira , , No comments

CONTOS DE ENE: Vencemos a discriminação e mostramos que também podemos.



Levei um fora de uns cachos dourados ontem a tarde. Eu tinha falado com ela a uma semana e ela me disse sim, mas ontem ela mandou um recado pela irmã caçula que não poderia mais dançar comigo. Isso mesmo, dançar, se você achou que fosso outra coisa. A pequena disse que a irmã estava cuidando dos preparativos para o casamento. Eu estava muito animado, os ensaios, a dança, a nossa apresentação foi a única razão pelo qual a gente voltou a se falar, depois de mais de seis meses (intrigados). Mas deixa pra lá, que ela seja feliz com o seu amor. Porém ela continua aqui no meu conto.

Há menos de um ano ela começou a freqüentar o nosso centro. Tinha problemas com o pai e as vezes ela passava mal.Por meio de uma amiga, ela conheceu nossa orientadora e encontrou apoio psicológico e amigos como eu.
Repito: Não vamos aqui julgar ninguém. Cada um dos que estão nessa história já sofreram o bastante.

Era começo do ano, Fazíamos eventos dentro da casa e já programávamos outro. Nossa orientadora pensou em fazer algo social, que tivesse a presença da comunidade. Ela teve a idéia de encenarmos a Paixão de Cristo. Na rua. E seguido de outras apresentações culturais. Era Fevereiro e já corríamos feitos loucos, atrás de patrocínio, íamos para casas de tecido pedindo doação para as roupas dos discípulos, pedíamos apoio a políticos. Foi muito difícil conseguir o ônibus que trouxe os capoeiristas e outros artistas da cidade que nos deram a honra e o seu tempo para se apresentar em ar livre para a nossa comunidade de Uruquê. Foi lindo e ninguém tinha feito isso antes. E alguns azedos do bairro ainda falavam que não poderíamos fazer isso, pois não era o nosso papel ou não tinhas condições. Mas fizemos, começamos a via-sacra de um ponto do Uruquê e chegamos até a casa. Todos atores e figurantes acompanhando o cristo, e a comunidade seguia logo atrás como numa romaria, ansiosos para ver como seria a chegada. Soube até que minha mãe chorou quando me viu trazendo a cruz nas costas. Sim, o papel principal era o meu. O mais difícil que eu já peguei, a cruz era quase do meu peso, tinha 40 kg, a caminhada era de um quilometro, curvado e descalço, cheguei com o ombro vermelho e ainda tinha três coreografias para eu apresentar, um gospel com as crianças, um axé de duplas e um tango que dancei com minha amiga dos cabelos loiros. Em que eu ainda tive que pega-la nos braços e segura-la no fim do tango, Foi um março, muito difícil, mas gratificante para qualquer artista, cristão ou individuo que participasse dessas coisas.
Ai, você me pergunta: Não tem foto não tem vídeo? Tem. Mas não tenho mais acesso, não frequento mais o centro. Fiquei só até uma semana após a sexta-feira santa de março de 2013. Por quê? Eu conto no próximo conto.


 
 "sábado santo, Botticelli, detalhe Maria Madalena e o Cristo"



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